quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Saindo da Casca

Ela acordou, bela e feliz como sempre. Espreguiçou gostoso e colocou seus delicados pés descalços no chão. Uma gota de sangue caiu, e ela se assustou. De repente, se sentiu diferente. A camisola cor-de-rosa, comprada pela mãe, já parecia estranha em seu corpo. Aliás, todo seu guarda-roupas parecia estranho.
Ela se vestiu com uma daquelas peças e lavou o rosto. A antiga garota parecia ter sido deixada na pia do banheiro. Pegou sua chave, e decidiu dar uma volta na rua. Parou no salão, cortou o cabelo bem curto, num estilo bagunçado que combinava bem com seu espírito. Foi à feira hippie e gastou mais algum dinheiro comprando coisas exóticas.
Chegou em casa, a mãe gritou. Onde estava a menina pura e perfeita? Havia ficado para trás. No quarto agora um incenso exalava um odor relaxante. As calças jeans deram lugar às saias indianas, e o quarto de princesa se transformou numa morada de duendes.
Ela se sentia mais feliz. A plenitude que ela nem se deu conta de estar sentindo falta a dominou. Ela finalmente estava saindo da casca. Já não se preocupava mais em manter as aparências de menina angelical diante da família e dos amigos, e tampouco estava quebrando regras somente para atingir quem quer que fosse. Aquela era ela de verdade, e seria daquele jeito que as pessoas que realmente se importavam deveriam amá-la.

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu conheço essa pessoa. E vc conhece melhor do que eu...

Vinícius D'Ávila disse...

"...E vc não precisa mudar de amigos se entender que os amigos mudam..."

Ninguem é o mesmo pra sempre...

Daqui a um bo mtempo vai achar tedioso algumas coisas que achava interessante...

Ainda bem que mudamos.